Quem Conta um Conto... [2]

quinta-feira, 26 de junho de 2008

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Saudade...


Quanto tempo será que demora uma ferida para cicatrizar?
Demora o mesmo tempo que uma embriaguez por uma torturante saudade que inflama alimentada por um sentimento muitas vezes sufocado por atos impensados.
Saudade talvez seja a palavra mais egoísta achada para definir um “sentir” e por mais egoísta que seja, pode sim definir vários “sentir” diferentes: Dor, pesar, penar, arrependimento, sorriso, olhar, abraço, beijo, corpo, pele, cheiro, gosto...
Mede-se a saudade pelo tamanho de nossa experiência, pelo tanto de vivências que carregamos na bagagem de uma vida que nem sempre temos o controle total das rédeas. Sofre-se a saudade pela intenisdade dos olhares sobre os fatos, pelo doar-se a determinadas situações que as vezes exigiram muito menos do que entregamos em devido momento.
Saudade e substantivo mas pode tornar-se verbo quando conjugado com um outro substantivo que teima em posar de verbo também: a lembrança.
Lembrança do cheiro da chuva, do gosto do bolo da mãe, da presença de mãe, do cheiro de alguém, do som de alguém... Lembrança de um futuro que a gente merecia e não se pode mais alcançar, devida a mudança dos fatos.
Saudade significa deixar com estranha doçura tudo aquilo que sabemos nos fazer falta em algum momento importante ou que se torne depois, mas que sabemos estar sempre marcado nas cicatrizes deixadas. Significa olhar pras coisas com a tristeza adulta e não mais com olhinos marejados de criança. Significa aprender a conviver com o que nos é dado por outros ou pela vida. É compactar aquela avalanche de coisas que vivemos em um compactado pensamento guardado na cabeça e distribuido entre nossos sentidos vitais.
É cuidar com paciência daquilo que se cultivou por um motivo que nem sempre a gente sabe porque e que provalvelmente mais tarde, na hora da saudade, vamos nos perguntar: Por que é que eu vivi isso?
Saudade é fazer tudo, dividir, ensinar de pouquinho, é gostar de si, ter esperança e persistência sempre. É deixar de herança pra nós mesmos um sonho, uma tranquilidade de ter vivido aquilo que vai cicatrizar nossa alma e lembrar mais tarde dessas cicatrizes, sem nehuma tristeza dos fora que as vida nos dá tentando juntar uma coisa ou outra que as vezes teimamos em separar.

Autora: Lorena Otoni
Muriaé - Minas Gerais

Quem Conta um Conto... [1]

quarta-feira, 18 de junho de 2008

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CARTA AOS PRÍNCIPES

Querido Príncipe,

Não se assuste caso tenha encontrado um dragão abatido e as portas arrombadas, e não tenha encontrado deitada no leito uma princesa meiga, doce e frágil esperando
ser resgatada.

Desculpe se fui corajosa e destemida e não deixei que você provasse sua força, mas já estava cansada da solidão e ociosidade que mata qualquer um.

Como, pro meu gosto, você demorou muito, avancei furiosamente ao encontro de minha liberdade.Pedi o divórcio ao mago que me raptou, entrei na net procurei uns advogados que me informaram como entrar na justiça e logo ganhei o castelo. Depois empunhei uma espada e acabei com o dragão; cavalguei até a aldeia mais próxima ao leste. INCLUSIVE, o castelo está anunciado no leilão na iminência de ser vendido, portanto,ande logo! Ah, e mais rápido ainda porque você está invadindo uma propriedade particular e não vai querer um processo nas costas. Tô me lembrando que ainda não consegui tirar o meu nome da lista de princesas desaparecidas... não sei porque é tão difícil me descadastrar, aí sim logo em seguida poderemos nos casar.

Não fique decepcionado se não corri aos seus braços chorona e medrosa procurando proteção por temer pela vida, uma mulher inútil e submissa recompensada pela beleza. Saiba que você encontrará uma mulher inteligente, de visão, interessada, interessante e trabalhadora, e claro, sensível, romântica e carinhosa. E mais! Poderá provar sua energia lutando pela harmonia de um lar com dedicação à família. Nós poderemos ir viajando pelo mundo, caçar tesouros, lutarmos juntos,lado a lado MAS, se você príncipe, não for um guerreiro disposto a invadir o castelo dos meus sentimentos e conquistar meu coração... sua vontade perecerá pelo dragão da minha incerteza, superficialidade e afastamento, que uso para que apenas o que possui forte determinação de guerreiro consiga vencer.

Se não estiver disposto a essa aventura, tem um castelo logo ao Norte, no Vale das Montanhas com uma princesinha mixuruca.
E se estiver de saída, feche a carta e coloque-a onde a encontrou de forma que o meu verdadeiro príncipe a ache e venha em busca do tesouro perdido, nesse caso, eu.

Te aguardo ansiosa,

Princesa.

Autora: Eveline Faria Fernandes de Paula
Juiz de Fora - Minas Gerais

"Quem Conta um Conto..."

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Além de aumentar um ponto, quem conta um conto também aumenta sua própria imaginação.

Todos somos capazes de criar coisas incríveis, então deixemos de lado essa preguiça mental e vamos dar as boas vindas ao projeto "Quem Conta um Conto..."!

Aqui vários autores amadores poderão abrir suas cabeças para escrever qualquer coisa que vier na mente contribuindo para o desenvolvimento da criatividade e incentivando a leitura.

Então... mãos à obra!

Histórias sem Cabeça [3]

segunda-feira, 2 de junho de 2008

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por Orlindo Moço
"O Homem sem Pescoço".



Os Duendes da Geladeira


O ser humano, generalizando, está cada vez mais preguiçoso. Não se propõe mais a gastar seu precioso tempo com coisas aparentemente desimportantes para a sociedade colocando uma enorme venda nos olhos deixando com que tudo o que acontece em sua vida pareça estar na mais pura normalidade.

"A cada esquina existe um mistério louco para ser desvendado"!

Você nunca parou pra pensar em porque que quando abrimos um refrigerante e colocamos na geladeira, o conteúdo da garrafa, com o tempo, vai diminuindo gradativamente e nunca é culpa de ninguém da casa?! Pai, foi você que bebeu a coca-cola?! Não. Mãe, foi a senhora? Não. Se não foi eu e nem ninguém, quem foi?!

Nossa história começa em 1880, com um jovem chamado Adam Ocean herdeiro único de um exportador de salmões milionário. Certa vez em que revirava as lembranças de seu falecido pai no sótão de uma de suas humildes mansões, achou um objeto antigo de grande estranheza. "O Artefato Sagrado de Rá". Lógico que ele não fazia a mínima idéia de que aquele pedaço de madeira tinha esse nome, mas o fato é que tal objeto era nada mais nada menos que a chave do portal de um universo paralelo. Não vou relatar aqui como que Adam conseguiu abrir o portal desvendando o enigma do artefato, isso fica pra outra vez...

O portal dava acesso a um mundo muito diferente do nosso, com criaturas intrigantes e paisagens incrivelmente bonitas, um mundo onde desde as pequeninas coisas, também eram novidade. Também não irei falar muito sobre o outro lado do portal, porque ai já daria um livro inteiro. Vou contar apenas uma das incontáveis coisas que Adam fez por lá.

O refrigerante foi inventado em 1886. Sem dúvida foi um grande feito para a humanidade que trouxe tantas alegrias em todos os tipos de festas e confraternizações entre amigos. Porém o tempo foi passando e as pessoas foram perdendo a vontade de compra-los e nem toda a publicidade da época foi capaz de reverter essa situação e isso fez com que houvesse uma considerável queda nas vendas de refrigerante em todo o planeta. Em meio a essa crise, a empresa Coca-Cola, convidou todos os representantes das outras empresas de refrescos gaseificados para que fizessem uma importante reunião em que seria discutida a atitude que teriam que tomar para reverter esse gráfico decadente. Juntos, tomaram uma decisão que mudaria o rumo da história, porém de extremo sigilo, tão secreta que nem as esposas dos representantes poderiam ter ciência. Foi então que contrataram os serviços ilegais de Adam Ocean, "O Guardião do Mundo Secreto".

Adam e seus aliados começaram então a montar um sistema que mudaria a vida das pessoas para sempre (assim como é até hoje). O jovem contrabandista milionário, encontrou naquele universo paralelo uma raça de criaturas que resolveriam o problema das empresas, ele os chamava de MidMugs. Muito parecidos com duendes porém muito menores e com a capacidade de ficar inviziveis aos olhos humanos.
Enquanto isso, um grande laboratório era construído com a falsa realidade de ser um local onde se faria experimentos para novos sabores de refrigerantes, quando na verdade era inescrupulosamente um estabelecimento trivial onde psicanalistas contratados condicionavam aquelas pequenas criaturas a serem cruelmente viciadas em refrigerantes.

Com os MidMugs extremamente sucumbidos ao desejo exagerado de consumir refrigerantes, começou então a última etapa desse maldito plano.

O organizador chefe das Operações Secretas contactou todas as industrias especializadas em fabricação de refrigeradores e geladeiras daquela época e propôs um acordo extremamente irrecusável. Nada se sabe sobre esse contrato até hoje.

O fato é que a partir desse dia todas as geladeiras que são fabricadas no planeta vão para a casa das pessoas com um MidMug escravizado em um compartimento secreto, tomando todo seu refrigerante quando a porta se fecha e a luz se apaga, obrigando você a comprar mais uma garrafa...



... Quando meu avô me contou essa história eu era muito pequeno e fiquei muito estarrecido com essa nova realidade. Um dia, quando voltei da aula de reforço, peguei todo o veneno de rato que estava no armário e botei tudo na garrafa de guaraná que estava na geladeira. Na manhã seguinte, Matilde a faxineira, morreu de intoxicação. Não sabia que eram tão espertos!


Histórias sem Cabeça [2]

domingo, 1 de junho de 2008

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por Orlindo Moço
"O Homem sem Pescoço".


O Final de Semana

Fui convidado pelo pessoal da banquinha de jornal para um acampamento no final de semana. Foi quando eu parei e pensei: Será que perder o Domingão do Faustão é uma boa?! Parei de pensar e fui mesmo assim.
Tinha o Renato Alface, um cara muito marrento que adora aparecer, tinha a Bernadete uma senhora de 53 anos que nunca sabe a hora de parar de falar e o Pedro, bom, eu não conhecia o Pedro até então.
Renato levou a gente em seu 4por4. Levamos tudo que era essencial para a viajem: Mp3, spray pra mau hálito, livro de auto-ajuda no caso de um incêndio, entre outras coisinhas...
Pouco antes de chegar-mos no local onde iríamos acampar, Bernadete implorou para que parássemos para um “Nº 1” bem rapidinho. Ela se emprenhou no meio do mato para que não a víssemos em suas intimidas e foi-se a mijar.
O tempo começou a se estender e começamos a ficar inquietos: Ou ela bebeu muito líquido, ou sua vontade de urinar evoluiu para um nível superior. Duas horas depois concordamos que não era normal uma caganeira tão demorada e saímos do carro.
Adentrando por entre os arbustos percebemos que Bernadete já não estava ali, mas a imposição de uma possível defecada era correta confirmada pelo estranho aroma que se exalava no local.
Bom, com Bernadete tendo desistido de acampar estranhamente, indo embora sem nos avisar, decidimos continuar mesmo assim, pois eu disse que também sabia cozinhar.


Chegamos a um local muito diversificado, tinha muito verde, muitas árvores, algumas pequenas, a maioria grande e... só. Terminamos de montar a barraca pouco antes de anoitecer quando lembramos que esquecemos da fogueira. Pedro se ofereceu para ir pegar lenha enquanto Renato e eu ensaiávamos músicas típicas de acampamentos.
Quando Pedro saiu mata adentro, Renato me disse que não sabia nenhuma música, ainda bem, porque eu tava com medo de dizer que também não sabia tocar violão! O tempo foi passando e escutamos um barulho escandalizante vindo da floresta. Era como se alguém batesse em uma pessoa com algum objeto causando muita dor e sofrimento. Repercutia muitos gritos e gemidos estranhos e apavorantes. Ainda bem que era apenas Pedro querendo nos assustar! Onde já se viu um acampamento sem estórias de terror?!
O que eu não entendi foi por que Pedro decidiu ir embora sem nem trazer a lenha, ficamos esperando por horas..
Após algumas horas de conversas astrólogas entre eu e meu amigo Renato ficamos tão cansados que nem percebemos quando caímos no sono.
No Domingo de manhã, acordei bem cedinho como de costume. Levantei, comi alguns biscoitinhos e fui acordar Renato, mas o danado não acordava nem por reza. Eita cara estranho, nunca tinha visto ninguém dormir de olho aberto antes!
Aquilo foi me enchendo a paciência que eu peguei e fui embora à pé. E adivinha?! Ainda deu pra ver o finalzinho do Faustão quando cheguei em casa.

Mas o triste dessa história é que depois desse dia eu nunca mais vi o pessoal na banquinha de jornal.

Histórias sem Cabeça

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por Orlindo Moço
"O Homem sem Pescoço".


O Mistério da Esposa.

Certo dia, que se não me falha a memória, um dia depois que comi empadão de palmito na casa da tia Marlene, estava eu, todo pomposo, caminhando alegremente pelas ruas de Perapitinga do Sul, essa cidade tão conhecida, quando de repente um velho conhecido me parou e me contou uma história muito interessante sobre um casal que eu nunca tinha ouvido falar e que morava na rua da barbearia do Antoin.

Cláudia era dona de casa enquanto seu marido Aroldo tinha uma lojinha de prendedores de roupas.
Todos os dias que Aroldo chegava em casa sempre se deparava com a figura de sua mulher com um sorriso esticado de uma orelha à outra e nunca entendia o motivo de sua alegria botando em consideração que viviam com tantas dificuldades e que tinham um vizinho que ganhara um cachorro que nunca parava de latir, achava um tanto estranho aquele sentimento.
Aroldo com sua tamanha indignação, achou então que sua mulher estivesse tendo um caso com o jardineiro toda as vezes em que ele ia trabalhar. Então, num certo dia, resolveu chegar mais cedo em casa e deu de encontro com a mais pura normalidade: Sua mulher feliz, ninguém por perto e a televisão ligada na rede tv.
Aroldo resolveu então vigiá-la o dia todo escondido de longe sem que ela o pudesse ver. Ela varreu a casa, limpou os móveis, fez o almoço, entregou a marmita pro menino que a levava pro marido na loja, passou roupa entre outras cousas intedianes que toda dona de casa faz e... só.
O rapaz já com os nervos à flor da pele, saiu perambulando pelas ruas até que esbarrou em uma menininha que lhe puxou a calça jeans desbotada e disse:
_Você é o Senhor Aroldo, que mora na rua de baixo?! Como você ainda tem coragem de andar por estas ruas com a sua esposa fazendo tudo aquilo que ela faz!!!
O mundo parou pra'quele pobre homem. Em questão de segundos, 3 pra falar a verdade, ele implora para que aquele pequeno ser lhe desvendasse todo aquele mistério de uma vez por todas quando, sem que ele percebesse ela tinha saído correndo. Aroldo disparou em direção à menina até que num breve instante, sente aquele objeto viscoso por de baixo de seu pé esquerdo e quebra o pescoço no meio-fio, por causa de uma insignificante casca de banana.

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