Quem Conta um Conto... [3]

terça-feira, 8 de julho de 2008

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Um Conto Qualquer...


Amanhece um dia. Um dia que pode ser qualquer dia, que não seja um feriado, um dia de trabalho, um dia normal.
Amanhece um homem, que pode ser qualquer homem, em uma cidade, que pode ser qualquer cidade. Um homem sem nome, com seus gestos mecânicos, monótonos, em sua vida mecânica, monótona... Amanhece meio estranho, não ouvindo o despertador. Olha o relógio que o olha intimidador, e percebe-se atrasado. Arruma-se às pressas, e pões a correr pelas ruas, pois sua casa não era tão longe assim do trabalho, mas o atraso era realmente grande. Sai pelas ruas, que poderiam ser quaisquer ruas. Tenta ser mais rápido que o tempo, é claro que não consegue. Passam pessoas, carros, concretos, vazios.
Eis que depois de uma esquina, descansa uma pedra no chão, esquecida por um poeta desses que a deixou ali. Tal homem tropeça trôpego e cai, cai, cai... Cai sobre si, cai em si. O Sol desvendando seus olhos vazios que agora iam retomando algo. Foi uma reviravolta. Que vida! Que volta a um caminho distinto, não mais de instintos maquinais. Lembra-se de seu nome, sua história, de coisas que não lembrava. Lembra-se até de coisas que ainda não conhecia. Lembra-se do Sol, do chão, das pedras, da alegria e tristeza, dor e prazer, da beleza, de sentir. Lembra-se de ser homem, de trazer no peito contrários, de ter opiniões e fazer escolhas.
Talvez a batida foi tão forte que esteja tendo alucinações, talvez tenha ficado louco. Não importa, a mudança ocorreu, graças à pedra no caminho, a pedra que era poesia pura no meio da poluição cultural.
Agora nas manhãs ele verdadeiramente amanhecerá.


Autor: Dan Junqueira
Leopoldina - Minas Gerais

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